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Bustos e Monumentos

 

A Ilha do Pico pode justamente ufanar-se do número de bustos e monumentos que assinalam vidas e feitos das suas gentes e da própria nacionalidade.
Ao percorrer a Ilha à Roda como diria o Poeta, deparam-se quase duas dezenas de bustos de personalidades que, nascendo na ilha, tanto a enalteceram por seus feitos e virtudes, contribuindo de maneira notável para o engrandecimento da sociedade picoense e sendo exemplos permanentes das suas lídimas qualidades de cidadãos e de homens públicos ou religiosos. É por isso que, embora estejam patentes em lugares públicos das diversas localidades, importa trazê-los aqui, a este modesto “cantinho” para que melhor, se possível, sejam conhecidas e admiradas as respectivas personalidades que tais monumentos evocam.
E dando “a volta à Ilha”, como antigamente se fazia em ocasiões diversas, percorrendo seus caminhos e atalhos, principio pela Ribeirinha, a mais jovem freguesia da Ilha.
Lá estão dois bustos de picoenses que muito prestigiaram esta ilha, um deles, em terras ultramarinas, sobretudo, o outro somente pelos seus dotes pessoais. E assim, outros recordarei nestas linhas “ao correr da pena”, até que de melhor jeito, deles se possa falar.

  1. Dom José Vieira Alvernaz, nasceu na Ribeirinha em 1898 e faleceu em Angra do Heroísmo, onde residia há anos, em 13 de Março de 1986. Foi Reitor do Seminário de Angra, Bispo de Cochim (Índia), em 1942 e Patriarca de Goa, de 23 de Dezembro de 1950 a 22 de Março de 1975. O Busto encontra-se à entrada da freguesia, junto à casa onde nasceu.
  2. Pe. João Silveira Domingos. Nasceu na Silveira, Lajes do Pico, em 15 de Dezembro de 1912 e faleceu subitamente na Ribeirinha, em 8 de Março de 1975, onde era pároco desde 30 de Junho de 1954. Na notícia cronológica publicada no Boletim Eclesiástico pode ler-se; “Pela sua piedade e modéstia foi sacerdote estimado em toda a ilha do Pico, nomeadamente nos locais onde desenvolveu modelar acção pastoral”. Assim o entenderam os seus paroquianos que perpetuaram sua memória em busto erguido no adro da igreja paroquial.
  3. Capitão Anselmo da Silveira/ou da Silva). Notável Baleeiro, natural da Calheta de Nesquim, nascido cerca de 1833, onde veio a falecer, depois de ter emigrado de salto, como tantos outros para os Estados Unidos. Aí exerceu a sua actividade em baleeiras americanas, desde simples marinheiro até chegar a capitão. Regressando à Terra natal, foi aí impulsionador da actividade baleeira firmando com a Casa Dabney, da Horta, em 28 de Abril de 1876, o primeiro contrato escrito de baleação existente nos Açores e que tinha a sua sede na Calheta. Os calhetenses ergueram-lhe um busto junto ao Porto.
  4. António Ferreira Porto foi um emigrante de sucesso. Natural de Santa Bárbara das Ribeiras, contribuiu com avultada quantia para a construção da nova igreja de Santa Bárbara, sendo, por isso, aquando da inauguração, colocado no muro do adro um medalhão em bronze com a esfinge do benemérito. O Santo Padre, Paulo VI concedeu-lhe a medalha do grau de Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno e o título de Benfeitor Ìnsigne da Igreja.
  5. Pe. Manuel Francisco Fernandes, nasceu em Santa Cruz das Ribeiras em 1850 emigrou primeiro para o Brasil, onde se demorou pouco tempo e, depois, para os Estados Unidos. Regressou aos Açores a fim de frequentar o Seminário de Angra. E nos últimos anos voltou à Califórnia onde completou o curso e se ordenou sacerdote. Fundou o jornal “O Amigo dos Católicos” e construiu a primeira igreja portuguesa da Califórnia, em Oakland, dedicada a S. José. Foi um dos fundadores da Sociedade do Divino Espírito Santo, da Califórnia que, por esse motivo, no ano do centenário da Instituição, veio colocar o busto do Pe. Fernandes na sua terra Natal, em Julho de 1996 como homenagem ao seu fundador. Faleceu em 1890 com 46 anos de idade.
  6. Dom João Paulino de Azevedo e Castro nasceu nas Lajes do Pico em l de Fevereiro de 1852. Formou-se em Teologia na Universidade de Coimbra em 1879. Em 1888 foi professor e vice-reitor do Seminário de Angra (o reitor era o Bispo) e, depois Cónego da Catedral e a seguir Tesoureiro – mor. Em 1901 foi nomeado Arcediago, sendo, entretanto, em 9 de Junho de 1902 eleito Bispo de Macau. Foi sagrado Bispo na Igreja de S. Francisco, de Angra, anexa ao antigo Seminário, em 27 de Dezembro de 1902 e deu entrada solene na nova diocese, em 4 de Junho de 1903. Ali veio a falecer em 17 de Fevereiro de 1918, depois de uma operosa actividade na diocese que abrangia vários territórios chineses e ainda Singapura e Timor. Exerceu a sua actividade apostólica com grande entusiasmo, sendo o seu episcopado classificado de fecundo, progredindo a sua diocese de forma extraordinária. Diz um seu biógrafo que fundou muitos templos, colégios e escolas, principalmente na parte chinesa da Diocese. Seus restos mortais    encontram-se depositados, por iniciativa do seu Sucessor e de outros Amigos, em grandiosa capela-mausoléu, no cemitério municipal das Lajes do Pico.

No Largo abaixo da casa onde nasceu a Câmara Municipal ergueu um busto de bronze em sua memória. E na mesma casa encontra-se uma lápide em azulejo, com os seguintes dizeres: “Aqui nasceu, a 4 de Fevereiro de 1852,/ o primeiro Bispo picoense,/ D. João Paulino de Azevedo e Castro / em 1902 eleito Bispo da Diocese de Macau / que então abrangia Timor / Passado um século/ o primeiro Bispo natural de Timor, / D. Carlos Ximenes Belo / Prémio Nobel da Paz / solenemente descerrou esta lápide, / a 6 de Maio de 2003”.

  1.   General Francisco Soares de Lacerda Machado. Nasceu na vila das Lajes em 1870. Ingressou no Exército e atingiu o posto de General, como comandante da Terceira Região Militar de Tomar, depois de uma brilhante carreira. Deixou notável e importante obra literária sobre a história do concelho Lajense e não apenas. A Câmara Municipal, em preito de homenagem, ergueu-lhe um busto em bronze no Largo que tem o seu nome, junto da casa onde nasceu. Ainda agora é uma das figuras mais notáveis da Ilha do Pico, que não apenas do concelho das Lajes. A Sociedade Histórica da Independência de Portugal, com o apoio do Município Lajense colocou, em 1990, na casa onde nasceu, uma placa em bronze, em sua memória.
  2. Monsenhor José Pereira da Silva. Nasceu na freguesia de São João em 8 de Abril de 1892. Foi vigário substituto da Maia e, depois, Vigário da Praia da Vitória até 1927, ano em que foi nomeado vigário da Matriz e Ouvidor da Horta. Em 27 de Outubro de 1956 foi nomeado Vigário Geral, Pároco da Sé e Reitor do Post-seminário, cargos de que foi titular até ao falecimento, na freguesia de S. João, em 30 de Novembro de 1974. Foi um orador distinto e poeta de singular inspiração. A Junta de Freguesia ergueu-lhe um busto na freguesia natal, junto da Paroquial.
  3. António Fontes. Nasceu na Prainha do Galeão, ao tempo pertencente à freguesia de São Mateus desta ilha, em 25 de Fevereiro de 1826. Emigrou para a Califórnia com 25 anos e com trinta emigrantes, fundou a União Portuguesa do Estado da Califórnia, uma instituição de solidariedade social que hoje se espalha pela Califórnia e conta milhares de associados. Aquando do centenário da UPEC, uma delegação daquela sociedade deslocou-se a S. Caetano (ou Prainha do Galeão) e procedeu ao descerramento de um busto de António Fontes, junto da casa onde nasceu o seu fundador e primeiro presidente da Direcção.

 

 

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